carregando...
Banner Informativo

No G20, Haddad defende taxar super-ricos para reduzir desigualdades

Fonte: Jota
Autor: Humberto Vale 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a implementação de políticas de tributação dos “super-ricos” para enfrentar as desigualdades globais, em discurso durante a abertura do painel “O papel político-econômico na abordagem das desigualdades: experiências nacionais e cooperação internacional”, que ocorre no âmbito das reuniões do G20, nesta quarta-feira (28/2).

Em seu discurso, Haddad afirmou que é preciso “admitir que ainda precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem sua justa contribuição em impostos” e destacou a crescente desigualdade de renda e riqueza, ao apontar que o 1% mais rico detém 43% dos ativos financeiros mundiais e emite a mesma quantidade de carbono que os dois terços mais pobres da população global.

O ministro destacou os desafios da atual conjuntura econômica global e pontuou que os debates sobre a globalização oscilaram entre o otimismo e a negação nas últimas três décadas, revelando um legado complexo.

“Não há ganhadores na atual crise da globalização. Embora, como disse, os países mais pobres paguem um preço proporcionalmente mais alto, seria uma ilusão pensar que países ricos podem dar as costas para o mundo e focar apenas em soluções nacionais. Em um mundo no qual trabalho e capital são cada vez mais móveis, pobreza e desigualdade precisam ser enfrentadas como desafios globais, sob a pena da ampliação das crises humanitárias e imigratórias”, afirmou Haddad.

No discurso, ele acrescentou que “a atual reação contra a globalização pode ser atribuída ao tipo específico de globalização que prevaleceu até a crise financeira de 2008”. Para o ministro, até a crise, a integração econômica global confundiu-se com a liberalização de mercados, a flexibilização das leis trabalhistas, a desregulamentação financeira e a livre circulação de capitais.

“As crises econômicas resultantes causaram grandes perdas socioeconômicas. Enquanto a hiper-financeirização prosseguiu em ritmo acelerado, um complexo sistema offshore foi estruturado para oferecer formas cada vez mais elaboradas de evasão tributária aos super-ricos. Estas tendências culminaram na crise financeira de 2008, expondo claramente as limitações daquela forma de globalização”, disse.

Haddad participou da abertura por vídeo, em razão de seu diagnóstico de Covid-19. O painel abre as reuniões de ministros de Finanças e de presidentes dos bancos centrais do bloco, em evento que segue na tarde desta quarta-feira (28/2), no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera em São Paulo. Também discursou o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto.

O G20 reúne as 20 maiores economias do planeta, incluindo a União Europeia e a União Africana. O Brasil exerce a presidência rotativa do bloco desde dezembro, e permanece até novembro, com a cúpula de chefes de Estado, no Rio de Janeiro.


Top